quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

PERFUME, PODRE E POBRE

Minha vida empedernida,

carcumida, repelida
lida e relida
só minha vida me suicida.

Minha morte me descobre
de cobre manto nobre
perfume, podre e pobre
defunto sonha.

Amormedorme.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Pela fechadura

Fui lucidando versos tortos
sem vista sem imagem
e recebi uma visita (será?)
que nem bateu na porta
mas como foi destraída
passou pela fechadura!
E após não ver passar paisagem, saiu, de cara mole!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Dedicatória à Sra. (rs)

.................................DE...

................................As vezes
................................sem tamanho
................................uma linha vai se desmanchando...
................................Sem versos, sem rumo...
................................Como se entorta tanto? Se nem rumo tem....
................................Um pedaço vai além.
................................Eu apenas vou sonhando...
................................como a linha que desmancha.
................................O poema de alguém.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

AO POETA-METÁFORA


Ao Ivan Silva--Diego El Khouri

Uma flor pequenina no meio do jardim
solitária se afasta de sua casa.
O vento branda nas encostas.
Montanhas erguem-se do campanário.

Parece que de detalhes vive
a poesia desse jovem rapaz.
Algoz e carrasco da linguagem
cria, recria novas palavras.

Um poeta de pele e mente sã
sabe que a Morte vem pra clarear
a fragilidade dessa vida vã.

Mas perdido em toda essa solitude
transportado em seus versos lindos...
Rei da Metáfora, envergonho-me do meu instinto suicida.

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Ainda hei...

Ainda hei de agradecer na mais clara forma sem dilema
és escura como o espaço, uma estrela bem pequena
és a luz da claridão...um espaço feito a mão
num regaço de um poema.

sábado, 14 de novembro de 2009

Profudamente Filho da Joana

dedicatória--*Emergência*-- à Mario Quintana.

Revolta? Não. Preso? Sim, n'uma cela
...........ainda profundamente.
Abriste a janela Quintana, fui salvo, e contraditório...
Afoguei-me por ela.

Mas não respirei diferente...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

No jeito do acento

Quebraram o acento
que tinhas,
ó ar
ó mar
Que tinhas, ó vento, ó sonho sedento
Que tinhas a cinza do mato
em incêndio
Tudo se fala, em silêncio
tudo se apaga
O poema nojento parece uma bala
Caiu no meu peito: dois acentos "tio"
Ai!Amor--um mar, um ar, a cinza:
Um poema nojento,--Um acento ranzinza...

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Teto Alto

No alto teto
não ponho a mão, pois dizem:
"É proteção, o teto da casa"
Mas veem: foi feito

A luz nele apagada escurece
De plano, parece perfeito
Defeituosa noite
Pois falta: a lua, as estrelas...

Encaro-o como nublado
--bastante--e ando devagar
Na estante eu esbarro, sobrecaio

Que que há?! Sentei nas nuvens!
Não gostas do céu?!
É ilusão, caí do sofá.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Começo inteiro

Só conheço um rosto
azedo
e a cortina se abriu

Descance aqui
na cova
cai

hai kai
ferida de sangue
e o resto espandiu

Cala-me de vez
poesia
serei poeta de pia.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A ladra dos Ofícios

(Por Ivan Silva)

O gozo a tudo cansa.
Céus!, assim, o tédio
é de pouco terra mansa
Uma criança sem remédio

Se lhe ocorria na lembrança
a febre lhe entristecia
na medida clara da mudança
só a terra estremecia

O cantorio que lhe cantava
Era a cura guarnecida
De feliz se levantava
Vinha a morte bem vestida

Do menino tirava o tédio
e também se entristecia
Era aí, o seu Ofício (roubado)
--da criancinha que falecia.

domingo, 27 de setembro de 2009

[Por Entre inseticida]

Destino é o que mergulha
motivo é o que se afoga...
se tiram de pouco a pouco essa agulha ,
--minúsculo--mas o buraco,
é o único que há sobra.

Poesia fina de teia aracnídea
é feia enquanto tece
sem saber de quantos gomos
vai levando a sua vida: ferida
enquanto enrola em sua ceda
a própria pele que lucida: --
uma mosca já sem asas
morta, querida, ou amada.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Mente

Eu, sou um morto que mente
só entra na minha mente
quem morto é.
E se o que eu digo não for verdade
esse morto é inteligente.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Papel [poema da Carta]

Uma Carta,
pode ser velha na escrita
mas pode ser nova na leitura
mas pra quê, Ela ser nova
[para os olhos?!
Se os olhos
são sempre velhos para ela.

[Eu já era...]

Vivi numa época de evolução:--
os sapos se transformavam em príncipes
os pés se transformavam em mãos
os olhos se transformavam n'outra coisa
falavam pelos ouvidos e diziam pela boca:
"Deus que vida tão sofrida"
Aí aparecia outra alma
e se transformava numa fadinha...
Eu porém, nada reclamava, só esperava
pela farinha, porque eu já era um saco.

Velho ditado contrário

Um dia me disseram pouca coisa
Pouca coisa mais, me disseram, também no outro dia.
Eu depois, menos ainda...
Mas dei de presente: Um gato pra cada um--pra que lhes vomitassem
todas as supérfluas línguas.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Sonambulismo do abismado

PS: Natalia, direto, sempre que posso leio seu blog. Mas quando eu comento, na hora de postar, dá defeito. E não tem como entrar em contato com você...mas sempre acompanho.

O impacto da bomba
não me deixa com sono
mas a fumaça negra me esconde
sem ter nem mesmo por onde

O poeta de chinelo, xula, mesmo
com seus versos esqueléticos
e a penumbra de fogo nos escombros
me queima aos reflexos

No caminho já perdido
lhe encontra um mendingo
Que diz: Como vai meu amigo?
"Nem me venha com seu desdém

Também estou perdido
mas não lhe chamo de amigo
fantasmagora-me, isso eu peço
e só por isso estou dormindo."

A pomba que dum brilho
se levantou do ninho,
não era mínino um pássaro
era a bomba que se ostentava.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Coisa da coisa

Tempestades veem e vão
uns olham para o raio
outros olham mudos para o trovão
e se esquecem da chuva
--das gotas da chuva--
que são simples e caem
e como caem
Na palma da mão não se prendem
Não cabem como cabem numa folha de mamão
que seja!
uma gota inteira, refletida de única pureza
E os boquiabertos, ficam, parados
Esperando que surja um trovão
que clareie a noite
Que surja um raio
que não caiba na mão,
que caiba no céu
e não caia na terra
no único alimento que lhes tem--No pé de mamão.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O Poeta [ao Diego El Khouri]

No mundo da alucinose
não tem o quê e nem o onde
crianças giram no carrossel
a noite é o próprio céu

Da conserva concentrada
o porre doce-amargo
não é nada de bebida
é o uno gosto da lume

O lustre do saguão, todo amarelo
"Olha lá, o único de chinelo"
Desinibido pela vida, embalsama o quimero

O mórbido embrião
Suicída!--escuta quieto,
--o instinto de quem tem a vida--
O Poeta de chinelo.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

[Parte da Parte] Parte X

Ir e voltar faz parte de um joão bobo
Se ele consegue ou não parar
Fica ai o critério do mistério
De que ele só precisa balançar.

Parte "B"

Se tudo na vida pudesse ser azul
Estaria eu pisando agora no céu
Que culpa teria um urubu voar na terra?!
É óbvio, teria a culpa azul.

Parte "E"

As folhas verdes, secam, avoam...
É como as árvores e o tempo se destraem
Que passa, passa, outonos, primaveras...
Embora isso não impeça, as folhas caem...


Colcha

O sarcasmo
é um pedaço da injúria
A labuta
uma parte do trabalho
Nada disso passa de uma luta
Uma colcha inteira,
não passa de um retalho.

[Recinto]
Pra ver se o
sentimento é puro
basta enxergá-lo
no âmbito do escuro.

Aguardo de terça[poemas marcólicos]

Esse meu raciocínio
sem alejo, sem muleta
Esse meu alívio
Sem verdade, sem mentira
Deixa sem moínho os próprios tais moídos
e os espinhos que eu vejo, do cacheiro
nada mais que os pequenos ruídos fazem sentido
(dos ratos roendo os moídos)
Uma só tranquilidade-- já me disseram
Mas poucos sabem o que já não esperam
ratos ou espinhos? ruídos ou cacheiro?
Vá para o banheiro! Antes de sentir qualquer cheiro.

Folhas brancas

O pouco é muito, perto de algo eterno.

Não tem porque

Triste não é aquele cego que chora
Triste é aquele que ao vê-lo, se comove.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Dezembrinos

O tempo é a garganta do mundo
que aos poucos se anseia,
não que nos engula
mas somos uma coisa feia...
um câncer na garganta
num lindo final de natal,
na ceia.

Horas em ponto
IX

Não faço primeiros para os últimos
Eu não consigo falar sério
não faço charada para o mistério
não faço histeria para o histérico
nem faço cegueira para o cego
E sim os últimos é que se fazem para os primeiros
Eu, só não consigo falar sério.

Poema, fonêma, dilema

Eu nunca tive estilo
em poema
em fonêma
em dilema
Se o nunca é um grilo, já não sei
Mais do que ruído afora
sei que nem tentei
não ter estilo
não ter um grilo
nem ter dilema
nem ter fonêma
nem ter poema.

Manicômio quarto nº qualquer

Quando se conversa sozinho
com as paredes, não é loucura,
não é doidura, doidura
é quando você percebe que elas
que diziam te escutar,
estavam só mentindo.

18:40 Fora do cronômetro


A tardezinha que eu vejo, não é o pôr-do-sol, é reluzente
uma bomba que caiu na minha mente.

sábado, 15 de agosto de 2009

Sempre o quando

Quando se tem mil e tantos mundos
Pode tudo não se passar de uma qualhada
Custa-lhe todo o cálice
um único simples gole de água
É algo letal, fatal...
Um preço fora do comum
o olho da cara
e se isso mata, não sei
Mas tarde demais
Sou o que sou, cara nenhum, tomando um copo d'água.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Canto recolhido

Prefiro montes e motanhas
que se esmoronam, se soterram
Numa noite diurna e agourenta
tão perfeita quanta lenta

Assoprada pelo vento a vida
Transparente, refletida, ó!(não)
Parece bem cheia e bem vazia
Isso não é vida, é bolha de sabão

Feita a mão, por uma alma corroída
Árida e exposta em senso, oriunda(s)
Não há porque só procurar bolhas
Pra que nelas cravem as suas unhas

Prefiro montes e montanhas
Assim como poeira_ciscos!
Folhas secas e passarin...
É, na certa não se esmoronam

Só veem!Vão, se vão, ficam...
Numa noite diurna e agourenta
Tão perfeita quanto lenta
Bem próximos do meu dedo mindin...!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Como agradecer algo assim?


(por: Karla Almeida)

"Como agradecer algo assim?
Pra mim sentimento expressado em poesia vale mais que ouro.
A vida ensinou-me a não acreditar mais,
Em palavras ditas, ou promessas mal feitas.
E você com carinho vêm plantando esperanças,
Nesse coração já tão infértil, tão machucado.
Companheiro de noites de insônia.
As madrugadas passam mais leves e depois eu sinto sono.
Suas palavras de carinho afagam minha alma.
Parceiro de poesia!
Poeta que rimando ou não me faz melhor...
Obrigado por ensolarar os meus dias! "

Como agradecer algo assim?
Com uma resposta da resposta.

Poucos passos largados



Na rua noturna
Piso em falso no pó do chão
E quando tudo se desenrola
Vem o espanto...
Ando atormentado
A coruja, avoa, meio que soturna
Indagando..., indignada
Desce aos meus ouvidos, o seu canto navalhento de rapina
E o assobio de suas penas a rasgar o vento
Sinto arrepios
Enquanto escuto isso
Vejo ai o que não vejo
No pó do chão, na rua noturna
Com os meus passos livres, rasteiros e obsoletos
Sou eu que a atormento.

Poucos passos largados



Quando se anda em alguns passos
Percebe-se que está descalço
O vento lhe sopra, assopra
Bate na cara!
(E não lhe balança nem os braços)
Pede mil e uma desculpas
Oras!
Não peça perdão―eu digo.
Afinal, quem tem de ir a meu favor?!
Audacioso se me responde: os seus pés.
Meu amigo vento, pouco andei, tão pouco sei
Mas tá ai
Alguém que não me aguenta mais,
os meus pés.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Embora nada do que eu diga se encaixe



Próxima do inverno, és bela
Chegado o verão, outono, primavera
És bela, estatela, quebradiça

Seus cacos tilintam ao cair no chão
Uma harmonia soa e quebra o silêncio mudo

Cai de leve uma chuva
Sem raios, sem granitos
Só chuva, só água
O silêncio paira

Leve, uma bolha de sabão
Flutua entre as sombras
Um morcego, grita
Ao desvio de paredes

Num pedaço de vidro
Uma gotinha pinga
Não sei si é água
Mas marca um tempo

Um tempo insistente
Que atrai e distrai

O som de um violino dança
Enquanto eu vejo seus lábios cor de rosa
És bela( uma imagem) da espessura
De seus fios de cabelo torneando o vento

Vejo que sou o solo, os cacos caem do céu

Vindo direto ao chão
Avoam-me nos olhos
Furam as pupilas
Cortam-me as artérias

Sim, flutuam pelo corpo todo

Na noite, somos água e terra
Na manhã apenas misturados
Em forma de lama

Tenho em mim os seus estilhaços
E você tem em si
Os meus torrões de terra

Embora nada do que eu diga
Se encaixe
És bela, estatela, quebradiça.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Tentativa




Num dia triste, a tristeza foi embora
junto a ela a felicidade
eu fiquei assim, sem expressão
Na tentativa de uma despedida
Só não sei como pude perder o que já não tinha
Restou a mim o tamanho
saudade, exagero
e quando eu dizia ser uma árvore
ainda sim a tristeza era uma chuva
Lembrei-me que até pra uma morte
existe uma vida
Ainda sim a despedida, intacta
Voltou a mim uma expressão
Nenhuma que eu queria
Junto a ela a tristeza voltou quase que muda
Com os meus olhos de sagui, sinto pelo que senti...
Sem nada eu é que fui embora e não tinha e nem precisava
Do nada que a tristeza me levou,
Só da tentativa de sua despedida
E em algum momento, descobri que não tenho a tristeza em mim
Ela é que me tem nela
Me deixa contido
E me faz ver o que convém.

Minha primeira conhecida



Que diabos tem a lua?!
Nenhum, ela apenas é cheia
Eu não estou mal,
também não estou bem
Antes
O ar que eu respirava me coçava
De bobo eu ria...parecendo ter achado ouro de tolo.
Ainda não tenho medo―dizia. Assim a mim mesmo.
Fazia uma graça que nem eu me lembro, e com certeza se perdeu
a um misero cisco.
Pra todo lugar que eu ia, sempre havia uma direção...
No chão eu tropeçava feito a primeira roda quadrada
E apesar disso, girava...
Rodava...
Num banco de ônibus, eu parecia estar em um avião,
voando a 200 mil pés, flutuando sobre a água das nuvens.
E embora tivesse um cheiro podre, eu sentia um perfume
com a intensidade de uma dama da noite.
(respira, suspira....transpira...o cheiro não lhe sai do nariz)
Eu me estagnei antes que viesse a embrulhar o estômago.
No vago do meu quintal, olhei para lua, ela , sólida como nunca
Olhei-a― pensando―pode ter alguém a julgá-la cheia?
E fiquei achando ter falado algo puro.
Vejo o que sou. Só um pobre empedernido.

Passos de inverno



Pelas calçadas rústicas, ando
Ao tentar pegá-la
a borboleta se escapa
E me distrai do meu curto e pequeno assunto.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Ultrapassado, sem formas



Sou antiquado
Diabos que não me esquenta!
Minha única boa blusa sempre fora desprovida de carapuça
Com ela, estou preparando essa guerra (guerra de travesseiros)
Só não traga reféns―prisioneiros—, fuzis!
Estou desmunido, esmurecido. Murcho.
Pudera, peguei corrente de ar frio
Ah! Conversa. Eu vejo o noviço camaleão que sou
e fico vesgo, ao olhar para os dois lados de uma mesma moeda
Sufocado suspiro...
Si não fosse pelo vento
não saberia que Santi, é Rafael (um mestre renascentista)
e que Galileu Galilei, deixara, escrevendo em papiros,
desenhadas letras a bico-de-pena. Vejo que antiquado que sou.
Não por sentir frio ou tomar numa manhã, em meio ao leite,
derretidas bolachas. Só por culpar uma blusa.
Sim. Sem uso.
Sem carapuça.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Agulha do palheiro



Eu perco, perco
minhas palavras destrinchadas
no meu coração rasgado
Ainda outro dia
acho uma noite,
uma noite pequena demais
Ficção, fixação
guardo-a no meu bolso.
Sem noite, a lua fica.
Ainda mais
Eu a perco
Fico louco
Procuro tão pouco,
que a minha vontade
se esvaira
Perco a paciência,
daqui até ali
Encontro a distância
pequenina, nua
recém-nascida
deixo então,
que ela siga a sua vida!
A minha eu já tenho,
é inútil falar disso
acho o que eu acho
perco o que eu perco,
ao encontro,
é só um desdeixo o que eu deixo
Sou especialista, especialista em perder coisas
Não perco meu tempo,
Perco a minha vida,
tentando fazer as mãos mais lentas que os olhos.

domingo, 12 de julho de 2009

O silêncio que me fascina



Eu sou jovem, um jovem que nasceu em 1988. Por enquanto, enquanto não estou velho, tenho uma memória de repulsa.
Ainda me vejo no meio da rua juntando selos de cigarro como si fossem dinheiro, e em meio a multidão, do nada...apareceu...
Daiane, com seus cabelos louros meio cacheados e com seus olhos azuis feéricos, o seu silêncio amanhecido me fascinava, e o brilho dos seus olhos era difícil de se ver, pois seu semblante permanecia quase sempre abaixado, olhando para os nossos pés, ali, lado a lado. Com nossas mãos seguras, eu sentia o pulsar do seu coração na ponta dos dedos, era tudo muito siames.
Vinha-nos uma brisa fria e úmida, nós estávamos aquecidos.

Vinha-nos uma brisa fria e seca, chegava a tarde, passageira.

O pôr do sol nos rasgou ao meio, não pude mais sentir o pulsar do seu coração e os nossos batimentos perderam o ritmo sicrônico, a coragem que me passava antes eu perdi, passei então a usar uma sineta pra marcar o tempo. Nossas mãos seguraram despreendidamente o vento, os seus olhos azuis se misturaram ao amarelo fosco do sol e viraram o verde dos meus olhos. Eu fiquei com todo o meu medo só pra mim , e minha memória repulsa, acho que foi a única vez que eu esperei pela manhã.
Como era tudo muito siames, um de nós pode ter tido um termino de vida, eu só espero que não seja ela, é só isso que me bastaria.

O vazio é vazio pelo lado de fora



Quatro paredes, quatro cantos, só vejo a porta

Tenho tentado fugir do vazio
Por dentro me tranquei, num quartinho velho e empoeirado

Tenho medo da saída, mal espero então que o tempo me leve
enquanto isso, eu pelo menos fico aqui

com o eco da minha tosse.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Doce



Na véspera eu me declarei e fui apenas um ex-adorado
Eu me odiaria o resto dos dias sem me delatar
Acabei por odiar o ódio que surgiu do nada
Tentei então não ter rancor, não sei si consegui
As noites foram sem lua pra mim
e a única coisa que me prendia no chão eram os pés
Tentei enxergar a sua felicidade,
pra ver si me feria mais um pouco, isso eu consegui

Eu vi a sua felicidade transposta e maligna pra mim
Você cortou a minha garganta choca
e arrancou-me os olhos fora

Eu rolei no chão feito porco de ceva
enquanto tentava beber dos seus olhos
apenas lágrimas que fossem salgadas

Então eu senti o meu coração ser arrancado
frito, torrado e moído
para ser misturado no meio da borra de café

e eu só preferia ter te conhecido em outra época,
em outra vida, onde eu não fosse eu.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Tripudiado



O passsado está preso
preso pra sempre
aí está a simplicidade

Pro meu amor nunca tive poesia
e nunca irei de ter,
e assim como eu não tenho prosa,
não tenho visão

Arraquei-me os pedaços

Agora o silêncio dos gestos e dos sentimentos
traz a inquietude, e a inquietude
não passa de algo quieto.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Um pouco disso



Saudade perfeita ficou essa, cheia de imperfeições,
cheia de intenções, de desejos
cheia de ironia, cheia de amor
de ódio, dor e tédio

Cheia de respirações, de sorrisos
inspirações, cheia de distância
cheia de palavras ao vento

recheada torta
feita com sabor

torta de cereja com framboesa
maçã, pêra e jiló
jurubeba e chantilly

Sem ser cozida
ficou perfeita crua
e eu a engoli.

Próximo a ferrovia




Quebrei-me
Tenho em mim a meia-noite
e não saio disso
sou um relógio cuco
cego e louco pela escuridão, vagando
longe de um prego na parede
dentro de uma caixa velha de sapatos,
sapatos cujo os cadarços são de sacola
trançados por um menino
um menino que não sente a queima

Mas sente a teima, da maria fumaça ao maquinista
Queima, torra, tosta, distancia
chega a outros rumos

A menos de dois palmos a mim.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

A morte de Aldhrew



Antes que falem mal de Aldhrew, o pico das montanhas foi onde ele nasceu.
Fortes ventanias empurrando a neblina, um lindo despencar de uma altura de mil metros acima e esse foi o seu túmulo.
Antes não era muito bem o que Aldhrew queria. Ele imaginava sim, que algo o esperava lá embaixo, porque aquele lindo céu azul não o encantava muito, isso nas épocas de verão intenso.
Na sua rotina, ele num dia não via e no outro também não, aquilo o incomodou por muito tempo. A única coisa que se podia fazer era imaginar as coisas e sentir. Na sua imaginação Aldhrew corria nas campinas, o vento que batia em seu peito o empurrava para trás. No final das campinas havia uma verdadeira muralha de rochas, rochas duras e macias, macias elas ficavam porque cada vez mais suas forças aumentavam, mas tudo sempre na escuridão e ele não se importava com a deslumbre paisagem ao redor.
De uma certa forma ele sabia que tinha algo lá embaixo, algo que fosse além das muralhas e começava a ter algo novo. Mas ele desitiu de imaginar até um instante, pois as coisas para ele não tinham forma, tudo era uma mancha só e isso o incomodou por muito tempo, talvez durante toda a sua vida.

Uma descoberta para ele, foi o sentir. Aldhrew viu fantasmamente as coisas que o cercava e sabia que alguém cuidara dele, mas a sua volta não havia ninguém e nada que o desse um abraço, o segurasse, e olha que ele precisou de segurança só uma única vez na vida, e não teve.
Ele se sentiu fraco, e forte, porque agora o vento que antes o empurrava para trás, não o empurrava, ele é quem empurrava o vento com sua fúria inconsciente, inconsequente. Mas ainda sim lhe dava a impressão de que o vento se vingava, vagarosamente.
Então ele se lembrou da imaginação de um dia, sonhou, algo o esperava lá em baixo, mas ele olhava discretamente e não via, não a quem o esperava, mas estava enchergando as coisas, formas e até seu olho se desmanchava com o ardor do vento. Ainda sim, as coisas eram uma mancha só, com uma certa evolução.
Tudo era embaraçoso, mas si Aldhrew soubesse contar, poderia contar até uns poucos segundos.
Ele estava voando em direção as muralhas, as coisas pouco mudadas, exceto o voo, e ele sabia mesmo que tinha alguém o esperando, lá embaixo por trás das rochas. Ele estava se sentindo fraco, mas estava com coragem, de novo não se importou com deslumbre paisagem, sentiu-se capaz de atravessá-las, não via mais nada de nada, e atravessou, largou de sentir e largou de imaginar a sua vida.
Ele nasceu numa época que não se sabe ao certo...e as vezes rumores de vento dizem ainda que isso não aconteceria, si ele tivesse sentido que era um pássaro e que esteve por semanas dentro da casca de um maldito ovo.

Aldhrew teve a morte mais feliz que podia, afinal todo aquele céu azul anil não o encantava muito mesmo.

Você faz sentido



Sua timidez é um botão de rosa,
que esconde as mais roxas pétalas
e que de manhanzinha ganha um orvalho

Ao florescer me traz encantos,
e no ar fica, o seu cheiro intenso

Me leva a seu encontro
mas eu não consigo chegar perto de você
não assim, num instante

Sei de tudo um pouco disso
Suas maravilhas podem estar envoltas
uma cúpula de galhos com espinhos
como os de uma roseira qualquer.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Pirapitinga em Tupi



Comparado a um pirapitinga, vivo em um pequeno pedaço.
Pulando de solo em poças , a espera pela chegada ao mar,
mas o deserto pode vir também...
Não tenho pressa, vou apenas pulando nas poças, assim respiro um pouco,
em pequenos pedaços, e sinto-me vivo, sinto-me morto, sinto-me vivo
sinto-me morto.
Um curto tempo, um curto prazo, curto como um trocar de passos.
Poderia me comparar a uma ibirapuera, que espera pela estação das águas,
e que no decorrer do tempo, fica pitinga no verão,
perde até as cascas no inverno,
na primavera....e na primavera...

Pirapitinga, em quase Tupi.

sexta-feira, 19 de junho de 2009



" O velho "


Quero conhecer Homero
Perguntar a ele o que sintiam,
os cretences quando tocavam,
sentiam o som da flauta?
sentiam o som da cítara?

Eu seria um dos aqueus
ou um dos helenos
seria um dório
ou um dos 'malditos' troianos

Eu seria o Minotauro
Adorado, dono do labirinto
Derrotado pelos gregos,
Não!

Seria um cretence
sem morar em Creta,
mas tocando flauta

Veria de longe o Monte Olimpo
chamaria os deuses para uma discussão
me fariam companhia com suas perfeições

O meu sopro seria insurdecedor
Mais porcos sujos
e eu aqui falando de Odisséia
Estou mentindo, não conheço.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Engrenagens



As lágrimas saem dos olhos
nas pálpebras se estancam
escorrem pelo rosto, pigam no chão

Os olhos empapuçados
ardem
perto a um pirilampo
vem sono, vem sonhos

Suor e frio, de bater as costelas

Minha febre
Engrenagens pequenas
Girando, girando...

Aproxima, afasta
Uma grande lupa
me puxando outra vez
Que frio, me deixa deitar

Um gosto amargo,
de vez em quando engrenagens
girando a todo tempo
Me puxando, me moendo

Respingos d'água pelo corpo

Isso de vez enquando
Gargalhadas e um gosto amargo
enquanto gargarejo com dipirona.

quinta-feira, 4 de junho de 2009




" Não devo abandonar tudo "

Não devo abandonar tudo
Devo me atrasar sempre em alguns minutos
Parar o tempo
Voltar atrás não dá, não por muito tempo.
Mais isso tudo é normal e apesar que eu queira, mais não precisa ser muito tempo mesmo.
Eu sou um instante, posso contar os segundos que vivi, e não que nos outros segundos eu estive ou esteja morto, mais sim atrasado, parado num momento exato de tristeza, pensando em você.

Quando quero sua atenção, te hipnotizo
Quando quero que me diga algo, eu falo o que eu sinto por você
Si não te vejo, fecho os olhos
Si você fala, eu só te escuto

Si me diz que gosta, eu sempre te faço
As minhas palavras vão até você
Pelo olhar ou pelo tocar

Faço pouca coisa por você, eu sei
Não porque me fala, mais porque não me fala
Não diz adeus, mais vai embora
Você chora, quando eu fecho os olhos

Si eu digo, você não entende
Si eu só te escuto, você não fala
Então nunca que evoluimos nem do macaco.

terça-feira, 2 de junho de 2009


(desenho feito por:Ivan Atun)
Corvo(II)

Olha Alpiste
Queria que fosse diferente, que estivesse de outro jeito,
mais teve sua punição, e não seria muito justo. Agora está
se redimindo, menos mal, pedi que entregasse as cartas
a ela.
E o que vc me fez?
Foi se entreter com...com...com alpiste?!
Tu não come alpiste, come?
Mereceu a punição.
Você a devorou,
a gota d'água, e agora está ai como sua casa.
Sente isso?, acho que não.
Queria que não estivesse empalhado,
ai eu poderia saber quem foi que tentou te dar alpiste.
Não foi ela, foi...
Não, ela não apareceria com aperitivos, nem mesmo a um corvo.

(desenho feito por: Ivan Atun)
Corvo ( I )

Olha Alpiste
Enche os olhos, seu corvo tolo, meio dia e nada.
Que morra então, mais aos poucos
sua doença o deixa meio empalhado
fica nesse puleiro
não se arremesse no ar, ninguém vai segurar
E também ninguém pula
Deixa ir embora os grãos,
si ao menos si alimentasse.

Alpiste! o alpiste.

Corvo tolo, nem parece corvo
está meio torvo, pestilento
sonso...
Olho pra você
Uma mulher segurando alpiste com os olhos encharcados,
de alpiste.

Corvo ignorante, empalhado.

sábado, 30 de maio de 2009



Noite, tem o som de flauta


Ao anoitecer, tem um olho tampado e olha em direção a porta
onde há um relógio que marca vinte horas e cinquenta e seis minutos.
Mal enxergado a luz de velas, o relógio, traz à noite um som de flauta.

Volta e meia eu me encontro em defronte, parece até uma procura por ele, o mal. Na madrugada, já vi pela fresta da janela, é difícil definir e ter a certeza no exato momento. Tenho suspeitas quando da noite até o amanhecer, ainda permanecem lá...ou uma escuridão seguida de luz que ofusca os olhos, ou uma nuvem nublada que molhou o chão até o resto da noite, acabam ficando sob culpa.Mais é o cochilo que tem a minha atenção, os segundos de um frio seco, como si fosse algo soprando por fora e por dentro, e o corpo envolto por um abraço bem seguro.

Na mesma janela mal fechada, que fica a fresta, todos os dias a noite até numa terça-feira dessas, passava uma brisa cheia de sereno, um sono profundo e coisas à ouvir, uma coruja que descia em voo de caça, duas a três vezes seguidamente em cima de uma única folha, que se movia empurrada pelo vento. E cansada pelas tentativas, pousava num poste condenado e começava seu canto, mais era um canto murcho e em pausas. E em cada pausa um limpar de plumas com o seu bico, era exatamente assim.
Isso até uma terça-feira dessas, depois, nunca mais apareceu a coruja.
A janela continua mal fechada, e me faz ficar em defronte, qualquer dia desses eu fecho ela pra sempre, mais só depois que eu descobrir de onde vem esse som, definido sopro.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Walkíria



Eu estou sempre por perto
Estou perdido
De prontidão a você Walkíria
si puder, me leve, pode
Quando me fizer perguntas, negarei
e possivelmente também direi sim
quero alguma coisa
Tenho perguntas, sem necessidades de resposta
o que você fez?
porque me olhou diferente?
Me achou um doce, particularmente
eu ainda continuo o mesmo
não igual
Eu quero alguma coisa

Você é um chocolate amargo Walkíria
Quantas vezes me vê
Eu de costas viradas
perguntas e perguntas pra onde eu vou
e eu sempre indo a seu encontro

Minha Walkíria, minha idiota
deseja-me imendado a você
Deseja-me outra coisa
ou eu me aproximo rápido
mais perto fico,
mais perto de mim afastar
te digo o que quero
De você eu quero tudo
seu carinho, seu amor
seus olhos e sua boca
seu corpo, sua distância

sua vida e sua alma
mesmo que me compare ao diabo.

A Walkíria , cartas sem remetente


(foto tirada por: Ivan Atun)

" Coração de diamante "

Eu não digo o que quer escutar, falo apenas por necessidade
escuto sua voz e não entendo a seu jeito
talvez, sim ou não.
Tem o seu significado, precisa de mim
eu não ajudo diretamente, e espero apenas que não precise.
Oras, a sua segurança se vê pelo espelho...
Será que é frágil como o vidro?!

Não acho nada

Ouvidos maiores, sem escuta do que eu digo, não me importo
a sua voz não soa no meu ouvido.
Pronto e bem polido com o seu brilho ofusca quase tudo,
reflete o meu biológico sentimental, e manda pra longe a imagem.
Meu olho está ruim, ruim demais.
Raios...
se refletem, ultra-violeta!
Si mal dá pra ver o seu coração de diamante,
o rosto então...

vc não é a Walkíria...
é?

terça-feira, 19 de maio de 2009

Maria fumaça



Devagar começa a maria fumaça
sem muita força do carvão
a queima, teima
corre, corre, freia

Freios se quebram
maria fumaça atravessa pontes
chega a outros rumos
volta, rodeia

Queima, a teima
fortalece, enfraquece
controlada pelo maquinista
controlada pelo carvão

Controlada pelo fogo e fumaça
queima, incedeia
torra, tosta
destroços ao chão

Parada pelo caminho
antes um pouco
De onde mora um menino
menino sortudo

Não que não viste a queima
mais não viu a teima
não controlou a maria fumaça
não morreu como o maquinista

sábado, 9 de maio de 2009

Migração



Um suspiro sente o cheiro, é a annona, de longe olho o que não consigo ver. Tudo o que pode estar a mil anos-luz daqui, e não existe nenhuma razão, apenas sinto o cheiro de uma chirimoya.
Hum...ai está algo distante. Permanente a estibordo com velas assopradas e nem sou marinheiro, mais nada de lamentos.
O mar ainda é um estranho pra mim, mais eu sei que no horizonte não dá pra se ver nenhuma chirimoya.

Sem saída eu fico, com dois caminhos apenas daqui até lá. O mar, não, e a terra, há uma viagem, e eu sei que de tardezinha as mudanças de tempo não acontecem tão depressa assim como no mar, eu espero... Espero passar por entre árvores, como num passeio de inverno, e sentir todas as fragrâncias e odores, tudo em um único cheiro frio e gelado, precisamente.

Vem a calhar uma esperança e um corvo em companhia e não necessariamente um porque, a esperança garante a última e o estado precavido... Responsabilidades do corvídeo, onde é sempre esperado castanhas, pobre do corvo.
Ei de encontrar buracos ou túneis obscuros nas beiras da estrada, e que atraem o olhar, devem ser iguais em todos os lugares. E a nunca encontrada é a topeirinha, já encontrei alguma?! Sendo apenas procurada em caminhos de viagens noturnas , incansavelmente, talvez ela leve uma vida perturbada. E exercida pela confiança fica a sã consciência de que ela pode não estar física-presente em todos os lugares.

Que tal tropicar? Nada acontece sem tropicar em um maldito toco.
Olhares também são atraídos por patos, uma boa carona sem analisar o peso humano, que voam todos os anos em direção ao sul, pólo sul talvez e que frios e frios que não se perdem. Os frios, devo pegá-los e evitar tamanho desperdício, primeiramente: não comprar uma bússola, eu não vejo que bússola adiantaria si no centro da terra nunca há de funcionar, sobre custódia de ignorância.
O que não atrai, um pato que canta todos os anos também e pronto para ser um mascote também fica parado e sempre pela metade do caminho, no começo, onde está sempre vivendo.

Não sei si é o lugar, mais ao olhá-los ficam meio que perdidos e pertencentes das mãos são os exames com resultados negativos, sinal de saúde, uma das melhores coisas do mundo e apenas não com tanto sentido assim, ficam eles. Ver o medicamentos, um momento, vagas lembranças de um tropicão... Chão sólido revestido por folhas e o estado é de bem. Regressões aos pedidos de exames...
Surge contradições, os patos podem vir a ser um terceiro caminho, e no mesmo instante dessa obsessão.
Uma simples engolida com semente e tudo. Incomparável, coisas num peito como tosse agarrada, surge a certeza da existência de uma semente que desceu por algum caminho errado da traquéia e eu as vejo, vomitando, sai manchas escuras quase como borra de café, derretidas. Azares ao me servir com apenas um caroço, um favo de uma annona, sem gula e sem muita luxúria, pra não menosprezar o desejo. O fato é que saborosa é uma inteira.
Mantenho cuidados sobre hipóteses, todo cuidado é pouco, escolho sempre " o óbvio ". Ainda pelo caminho da terra... A chegada ao Bosque Exilado, um labirinto adentro e perdições de talvez meio século. A lembrança é algo que parece ser maior e de forma alguma comparada a pirâmides que também são estranhas, mas mais nada de caminhos, objetos ou de seres existentes que antes foram decorados ou memorizados são muito detalhados, não-inesquecíveis? talvez. E eu nem me lembro de quando habitei pelo Bosque, será que fui tão velho assim? não sei. De acordo com regras muito velho pode ser o labirinto, si tiver sido muito novo, si apareceu do nada então é uma miragem. Certamente é muito novo o Bosque Exilado seguindo por intuições, o que é bom quando não se é um intuitivo.

Bosque Exilado, uma formação de árvores em pares, distantes umas das outras, não muito, o que traz um certo vazio ao meio e que comparando aos túneis obscuros, nunca encontrada é a topeirinha . Surgindo a necessidade de um deixar de recado será deixado escrito no solo, ao lado de um pequeno buraco, onde há de permanecer algumas marcas das pequenas patinhas," você não entende, desculpe-me por causar ou adiantar o teu espanto ".
No meio do Bosque, ora-ora...a casa do corvo sim, que pode ser um espantalho, também cai como uma luva mesmo que fique todo o resto injustiçados, mais tendo um chão miraculoso e forrado por folhas tudo bem.

Uma simples serpentina em passeio retorna aos espios, uma espera de caça. Pobre da última a calhar, segue um abandono em meio as folhas verdes e amareladas, marrons e avermelhadas, secas e empretejadas, de presença de cores existindo apenas um olhar a própria volta. Contendo percepções de falta de geada.
Um suspiro sente o suspiro, uma espera pelo fim da obsessão, é preciso ao menos um copo d'água. Outro caminho...
O mar, sim, há embarcações para não-pequenos desejos. Sem "graça" e vivo é o caminho, por esse é preciso ir solitário, caso contrário, si perder a companhia não tem como retornar, assoprado pelo forte vento vindo das costas.

sexta-feira, 8 de maio de 2009




"Altruismo"

Sentido essa dor
não me sinto ciente
não tenho seu coração
antes tivesse o arrancado
te matado
tu então morrerias de amor
e eu não mudaria nada
Vendo-te com os meus olhos fechados
sentindo essa dor
sem você
de nada então adiantaria
ao menos, seu coração eu minhas mãos.

domingo, 3 de maio de 2009

Ajudante

Hoje eu vi um cara
que era louco
deu vontade de rir, deboches
era um que era louco

reparei o olhar
reparei ao olhar
o que era louco
vi ao uso de um tênis

no lugar de cadarços
havia uma sacola
o que era louco
fazendo toda a trançagem.

Coisas não exatas

Tudo numa rua, num tempo de nuvens, que perguntas não surgiram? e ainda há lembranças, na direção, bem na contra-mão, e o encontro de dois lados, onde em um deles estava uma criança, e no outro estava a mulher dos dentes...

Alguém estava num dia de mau-humor daqueles.

Ela passava sinuosa, de olhos vidrados na rua onde queria estar, onde passava muitas outras mulheres, sim, mais que não eram dos dentes, e também passavam ali muitas outras crianças.

Conversar, era tudo que ela queria.

Assim, como ela disse à criança, você vai morrer e ir pro inferno.
A criança pôde não lhe dar um sorriso.
Assim, como a criança olhou seriamente à mulher e não disse quase nada, ela teve objetividade ao perguntar, como uma criança tão linda assim pode ter uma cara tão fechada?

Conversar, era tudo e apenas o que ela queria.

(desenho feito por: Ivan Atun)
Mors omnia solvit (a morte solve tudo)

Estou tão cheio e tão vazio
o seu silêncio e suas palavras
ambos vão me matar
ambos vão comigo,
e assim como ela
digo, ela não vai apagar isso,
não vai, porque antes que ela leve
eu estou deixando tudo em pedaços.