sábado, 30 de maio de 2009



Noite, tem o som de flauta


Ao anoitecer, tem um olho tampado e olha em direção a porta
onde há um relógio que marca vinte horas e cinquenta e seis minutos.
Mal enxergado a luz de velas, o relógio, traz à noite um som de flauta.

Volta e meia eu me encontro em defronte, parece até uma procura por ele, o mal. Na madrugada, já vi pela fresta da janela, é difícil definir e ter a certeza no exato momento. Tenho suspeitas quando da noite até o amanhecer, ainda permanecem lá...ou uma escuridão seguida de luz que ofusca os olhos, ou uma nuvem nublada que molhou o chão até o resto da noite, acabam ficando sob culpa.Mais é o cochilo que tem a minha atenção, os segundos de um frio seco, como si fosse algo soprando por fora e por dentro, e o corpo envolto por um abraço bem seguro.

Na mesma janela mal fechada, que fica a fresta, todos os dias a noite até numa terça-feira dessas, passava uma brisa cheia de sereno, um sono profundo e coisas à ouvir, uma coruja que descia em voo de caça, duas a três vezes seguidamente em cima de uma única folha, que se movia empurrada pelo vento. E cansada pelas tentativas, pousava num poste condenado e começava seu canto, mais era um canto murcho e em pausas. E em cada pausa um limpar de plumas com o seu bico, era exatamente assim.
Isso até uma terça-feira dessas, depois, nunca mais apareceu a coruja.
A janela continua mal fechada, e me faz ficar em defronte, qualquer dia desses eu fecho ela pra sempre, mais só depois que eu descobrir de onde vem esse som, definido sopro.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oie Ivan^^

Gostei muito do seu blog!
Prabêns...

Bjo, Karla!