domingo, 12 de julho de 2009

O silêncio que me fascina



Eu sou jovem, um jovem que nasceu em 1988. Por enquanto, enquanto não estou velho, tenho uma memória de repulsa.
Ainda me vejo no meio da rua juntando selos de cigarro como si fossem dinheiro, e em meio a multidão, do nada...apareceu...
Daiane, com seus cabelos louros meio cacheados e com seus olhos azuis feéricos, o seu silêncio amanhecido me fascinava, e o brilho dos seus olhos era difícil de se ver, pois seu semblante permanecia quase sempre abaixado, olhando para os nossos pés, ali, lado a lado. Com nossas mãos seguras, eu sentia o pulsar do seu coração na ponta dos dedos, era tudo muito siames.
Vinha-nos uma brisa fria e úmida, nós estávamos aquecidos.

Vinha-nos uma brisa fria e seca, chegava a tarde, passageira.

O pôr do sol nos rasgou ao meio, não pude mais sentir o pulsar do seu coração e os nossos batimentos perderam o ritmo sicrônico, a coragem que me passava antes eu perdi, passei então a usar uma sineta pra marcar o tempo. Nossas mãos seguraram despreendidamente o vento, os seus olhos azuis se misturaram ao amarelo fosco do sol e viraram o verde dos meus olhos. Eu fiquei com todo o meu medo só pra mim , e minha memória repulsa, acho que foi a única vez que eu esperei pela manhã.
Como era tudo muito siames, um de nós pode ter tido um termino de vida, eu só espero que não seja ela, é só isso que me bastaria.

2 comentários:

Diego El Khouri disse...

Um desabafo e uma nostalgia enviesada, cheia de ternura e revolta. Muito bom. Um retrato de um passado sem máscaras.

Anônimo disse...

"Como era tudo muito siames, um de nós pode ter tido um termino de vida, eu só espero que não seja ela, é só isso que me bastaria."

Nessa descrição pude perceber um sentimento verdadeiro, poucas pessoas conceguem descrever um sentimento assim... e vc foi o melhor!

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