domingo, 21 de abril de 2013

Paradoxo

(Queiroz Filho)

Se esta ociosa vida inda perdura
Em perdurar a sina que eu carrego,
Na vista a sepultar a noite escura,
Como um vadio triste, vil e cego

Resignado ao claustro da amargura,
De todo o sonho vão, me desapego,
Pois se nem no amor eu vi ventura,
Que mais há a fazer? A vida entrego!...

Adeus, almos irmãos, adeus, ó, Musa,
Chorai, ó, doce Mãe, o filho vosso,
Que a aurora do pesar se fez intrusa

Ao sonho de amor que era só nosso,
E revelou-me a tal verdade intrusa:
- A Morte é negar o que não posso!...

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