Vai aqui um poema do meu amigo e irmão, Jorginho, que atualmente está fora do centro do Brasil mais uma vez espalhando por aí suas criações, desde de criança eu sabia que seria assim um convívio que levo pra sempre no peito
"Serve de exemplo
A lágrima que aparece
mas já nem cai dos olhos do mendigo
A fome que consome tanto o estômago
quanto lucidez e solidão do abrigo
Acidez
É a chuva desses tempos
E me lembro dos momentos
em que existia o "arco-íris, o arco da véia"
Era tudo ali na rua,
com sol, com lua, era doce a primavera
Todo mundo era amigo
Se tinha alguém perdido
Logo se encontrava
Nas casas, nas calçadas, e tudo se ajeitava
Mas hoje tem o desespero estampado
Até nas risadas vejo algo exagerado
Talvez sejam meus olhos febris
Com saudade da simplicidade raiz
Saudade dos domingos lendo um livro
De fazer do chão um mundo inteiro
Na chuva, fazer uma árvore, abrigo
E pescar folhas caídas num rio
Dezembro, Janeiro...
Serve de exemplo
O servente que ainda vira pedreiro
O empresário que vira porteiro
A dona de casa que ainda ama
A dona do mundo que ainda luta
Serve de exemplo
Quem renuncia o ódio
E propaga o amor."
(J.Rocha)
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