segunda-feira, 7 de abril de 2014

Antologia Veloso 2013

Trata-se de uma antologia poética, lançada pela Editora Veloso em comemoração ao dia Nacional da Poesia. Nela saiu três poemas meus, postados mais abaixo.

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RESPOSTAS QUE O TEMPO EVITA DIZER
Das dificuldades encontradas,
duas voltaram, e agora mais terríveis:
Aproveitar o dia como se nada tivesse acontecido,
E viver sem fazer perguntas vazias...

Nada do que quero acontece, está tudo parado.
Ponho-me então a fazer movimentos.
Nada...
Paro e apanho no chão um jornal,
passo as páginas e leio.
Nada...
Nem uma folha seca rola na calçada.
Nada de vento... Nada...
Até a natureza hoje tirou o dia pra me fazer pirraça.
Caminho mais um pouco, paro no meio da pista.
E esses carros 0 km, não vão me atropelar?
Pessoas olham casas como se olhassem vitrines.
Promoção!
Grito para ver se alguém se manifesta.
Nada...
Ninguém...
Nem um sinal de seriedade...
As coisas estão indo bem...
Mas o que será que está acontecendo comigo?! 

PALCO DO NADA

Aos delírios e gargalhadas
Sentem-se no palco do nada.
Sem febre ou razão difundida
As cortinas se abrem à platéia viva!

Assistam: O velho palhaço chora,
No sorriso mais tolo do mundo.
Em uma hora terrível: é sua revolta!
Em uma ira tranqüila: é sua revolta!

A malícia é sempre contida
Como se o louco tivesse memória.
 Às vezes a platéia se comove

E no final, acaba—“Como pode?”
A cortina se fecha—Saíram todos pela porta,
Com medo da platéia morta.

O COVEIRO 

“Baudelaire me cavou uma cova profunda”
Nessa intriga o advogado aparece.
Defensivo, junto ao juiz de outras tumbas
E vão se ostentando as calunias.

“As flores do mal são terríveis de prova”
E o cenário despenca um gemido.
“Os tonéis são de fundo finitos”
E o ódio duvida e vacila a certeza.

O belo se horripila nos olhos.
As pupilas queimam tamanha frieza
“Onde está afinal essa espúria de cova?”

E a paisagem se entra em discórdia.
“Baudelaire coveiro dos malditos!”
E entra pela boca o verme dos ouvidos.

(por Ivan Silva)

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