(Por Ivan Silva)
No escuro.
No escuro de órbitas vazias,
mal tateou um pedaço de papel que estava aos seus pés, escutou:
—Larga esse dinheiro aí, mendigo cego, é meu!
Largou e saiu tropeçando.
—Esqueceu seus olhos!—disse a gargalhada.
A sua volta, escuridão, só...
Fuga lenta.
Tateou algo sólido e contínuo. Parede, muro, não sabia.
O acompanhava sem dar passos. Ou teria ficado surdo?
Tudo se tornou silencioso... Mau cheiro, feridas em todo o corpo,
moscas pousando no cérebro. Para a ironia de sua noção de rumo o que era tateado deixou de ser sentido, escafedeu.
O tal cheiro sofreu aumento, as feridas... vômito de sangue.
Uma onomatopéia bem no coração.
Ao receber a ligação que esperava, o cliente abriu um sorriso de candidato e começou a tratar de sua campanha eleitoral.
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